domingo, 3 de maio de 2015

Trajeto sem fim


Eu expliquei as peripécias dos Setes Mares e perplexa ela me fitou, tal qual olhos arregalados que berravam: Mas nós nem saímos da nossa ilha! E enquanto eu cruzava o horizonte com aquelas mochilas vazias que por Deus, Nossa Senhora, como essas nossas histórias pesavam. Estávamos felizes e o sol raiando ao nosso lado esquerdo nos fez mudar o caminho. Seguimos o sol. A câmera sempre em mãos, eu posso imaginar todo um roteiro para essa gravação sem ensaio. A garota respirando o ar puro longe da cidade caótica enquanto o vento bagunçava seus cabelos e ela insistia em deixá-lo arrumado para aparecer na câmera. "Não precisa arrumar, está bela assim!" Eu dizia enquanto ela ficava vesga e mostrava a língua "Agora é a hora que eu te peço em casamento no meio do trajeto vazio?" Ela riu... Achou que eu estava mistificando o caso. "Esse sorriso! É esse! Olhe para a câmera e finja que está feliz com o pedido que te fiz. Ou você não aceita?" Estávamos enfrentando uma subida ingrime. A moça que me deixou sem resposta estava respirando ofegante. "Podemos nos sentar..." Sugeri. Estávamos rodeadas por flores. De todos os tipos e cores. Pegou duas iguais e pegou a câmera da minha mão. Fiquei com as bochechas rosadas ao me deparar que a atriz agora seria eu. Chegou mais perto, colocou meu cabelo enrolado atrás da orelha junto com uma flor. Deu a outra na minha mão como quem implorava "Faça o mesmo em mim!" Acho que seria a nossa aliança. Peguei a flor e a câmera também para não perder o costume e enquanto ajeitava a flor em sua face e gravava com a outra mão o ápice da cena ocorreu: "Eu aceito me casar com você!" Suas covinhas coraram-se, enquanto os olhos lacrimejavam no silêncio que se fez por meros segundos. O sol... As flores.... As borboletas e pássaros.. O céu limpo... Todos eles juntos apareceram em cena quando eu soltei a câmera para atuarmos livremente no making of;

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