quarta-feira, 27 de março de 2013

Doce tormento.


Não há janelas ou portas.
Não há um mínimo buraco para escape.
Não há nada disso dentro de mim.
Jamais conseguirei fugir. 

Não há monstros ou bruxas.
Não há nem se quer um assassino meia boca.
Não há nada disso dentro de mim.
Logo, por qual motivo quero sumir? 

Pecadora insana:
Sou meu Padre, sou meu Álibi.
Minha caça
É gente da minha raça.

Primeiro almeja e seduz
Faz amor em céu aberto
Come cada parte do corpo
Chora ao pé da cruz.

Assim que sempre fiz:
Degustava parte por parte sem nojo ou desdém
Canibalismo amoroso, felicidade momentânea
Porque todo final de amor, acaba em choro? 

Eu que mato. Eu que morro. 






terça-feira, 26 de março de 2013

"Você tem exatamente três mil horas pra parar de me beijar"


Que de fato estava frio o suficiente para ficar batendo o queixo o trajeto todo não há como negar. Não há como negar também que eu não sou fã do frio, como eu já havia lhe dito antes mesmo de aceitar sua proposta maluca de se esconder um pouco dos problemas. Seu cabelo ruivo pegava fogo em minha visão desconfiada sem saber o rumo que estávamos tomando. Um chalé no fim do mundo, longe de todos os lugares que eu já estive presente. Em sua volta, apenas árvores que não paravam de dançar na ventania que ecoava de uma cachoeira viva e brilhante. O rio refletia a lua, que por sua vez estava enorme. Só não maior que seus olhos verdes domadores de sorrisos. Você disse que seria tudo perfeito e quando abri a porta de madeira do Chalé, me dei conta de que não havia mentido. Lá dentro era tudo muito aconchegante. O sofá de couro marrom. Os móveis rústicos. Pétalas espalhadas pelo chão. No centro uma mesa com um vinho e duas taças. "Você me acompanha?" - Disse ao encher a primeira - Naquele momento eu tenho certeza que deu pra você ler a resposta pelo meu olhar. Ficou parada esperando a resposta ao sorrir e levantar uma sobrancelha. "Acompanha ou não?" Mas é claro que eu não iria dizer em palavras tudo o que meu olhar deixou transparecer. Peguei a taça que já estava cheia e levantei para brindarmos: "Que o nosso viver seja tão doce quanto seus lábios rosados" Beijou-me com vontade. Com desejo. Amou-me. Como nunca me amaram antes. Nos despimos e olha, posso até admitir que o frio já não estava mais comigo. De corpos entrelaçados trocamos sinceras energias. Pode soar patético e clichê mas sabe frio na barriga? Senti quase isso só que na alma inteira. "Ô, tu fica ainda mais linda com o cabelo suado e bagunçado sabia, ruiva?" Pra variar fui chamada de "boba" e então fiz jus ao meu apelido: estiquei meu braço ao chão, peguei minha calça  e do meu bolso direito tirei uma caixinha vermelha e aí sim, fiquei uma boba de primeira viagem segurando uma aliança de compromisso, sem saber o que dizer enquanto você esperava eu tomar alguma atitude mesmo sabendo o que iria acontecer. "Você aceita ser apenas minha?"  Você tinha que ver como seus olhos ficaram ainda mais verdes molhados por amor. "Eu já sou". Cantei: "Você tem apenas um segundo pra aprender a me amar, você tem a vida inteira baby, a vida inteira pra me devorar". Então, foi depois desse dia que pela primeira vez, digo convicta: Eu sou sortuda pra caralho. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Muita ausência cria indiferença.


Perdeu a vida tentando ganhá-la
Derreteu-se em pranto profundo
Lastimou-se por toda eternidade
Podemos ter várias vidas,
Porém algumas chances são unitárias.
Perdoar não é esquecer
Amo a ti de longe
Sua presença só me fez adoecer.
Nem mais uma lágrima tenho a derramar
Por dias estive no fundo do poço
Amargo, frio e solitário
A duras e cruas, levantei.
Seu rumo agora, cabe somente a ti
Tenha como recado:
Pra matar um grande amor,
Primeiro há de partir.

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo"


Entre uma poesia barata e outra feitas numa tarde chuvosa, optei por não mais escrever sobre o amor e muito menos sobre a  falta do mesmo. Tudo o que consegui foi rabiscar o papel e ainda pausadamente, levantando hora ou outra para preparar chá de camomila. Estranho ter essa sensação de que antes de vir pra esse mundo maluco passei demasiadamente mais na fila do amor ao próximo do que na do amor próprio. Acho que eu pegava a dose e já voltava pro final da mesma fila. Só esqueceram de avisar que o gosto era bom apenas na hora. Minha boca está amarga. Coloquei o dedo na goela pra tentar vomitar o que havia comido semana passada. Saíram as tripas mas não saiu você, estranho. Então vou para quinta xícara de chá acompanhada de alguns trovões caóticos. Minha gata começa a alisar sua cabeça na minha panturrilha e a miar descaradamente e aí eu me imagino fazendo o mesmo em alguma mulher toda vez que quisesse carinho. Hoje seria ótimo. O celular não para de vibrar devido o whatsapp lotado de amigos vazios me chamando pra ir pra balada. Não quero balada, não quero festa, quero carinho. Calma, eu não queria escrever poesias sobre o amor mas tudo o que eu penso é isso. Amasso o papel e jogo em direção ao meu notebook. Me dei conta que não troquei a imagem de plano de fundo. Droga.  Sexta xícara de chá e uma ideia: dormir! Banho tomado, dente escovado, ritual de escrever no espelho do banheiro com o dedo após fazer o mesmo de sauna, pijama de bolinhas, beijinho na gata, abajur aceso, ursinho de pelúcia (E daí?) e na hora de rezar adivinhem... Pedi amor. Amor pra esse nosso mundo que já o banalizou tanto. Amor de verdade, Amor que começa na alma e termina em boas atitudes. Amor honesto. Amor que soma. Amor que amadurece. Amor recíproco. Amor que não acaba com o passar do tempo, apenas aumenta. Porque a falta dele me corrói. E ainda cresce...