quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Relato de uma Coroinha

O sinal da cruz antes de subir os vários degraus à frente. Os bancos estavam vazios, respirou fundo aliviado. Avistou o confessionário ao canto. Entrou. Discorreu chorando sobre o que acabara de cometer minutos atrás antes de correr até a igreja. Finalizou: Dessa vez foi a última, seu Padre. - Ao que responde: Você havia dito o mesmo na semana passada, vá e não peque mais. 
Ciclo vicioso que ocorria todas as manhãs de segunda-feira. O padre já desgostoso com a situação, escondeu o confessionário aos fundos. E no lugar, deixou um púlpito com um microfone e convidou a comunidade para uma missa especial de início da semana. Pois o rapaz fez o sinal da cruz, subiu os degraus, olhou a igreja lotada, vagou o olhar a procura do confessionário. Hesitou. Subiu ao púlpito e puxou o coro: Hosana nas alturas. Foi embora mais contente do que nunca e nunca mais confessou. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Enquanto se faz silêncio

Tudo o que me foi calado
Desde a infância até o doutorado
[sei que ainda demorará]
da garganta sairá.
Aviso com antecedência pra não chocar a sociedade:
ABUSO contra a mulher: sangra por todas as cidades
O pano encoberta a sujeira
Cobre o pó
E os restos
Mas o grito alcança
Desmancha
Deixa vir a tona:
Tem muito homem de família que devia ir pra cana