sexta-feira, 20 de maio de 2011

Finais felizes para sempre!


- Vai! Acorda! Levanta! Anda!
Abri os olhos assustada, um jeito que nunca tinham me acordado antes... Eu havia descoberto algo pior do que despertar com o latido do cachorro, o grito da minha mãe... Algo pior do que seu despertador tocar enquanto você desfruta de sua confortável cama e queixar-se que você tem que ir trabalhar.
O homem segurava um objeto em sua mão esquerda, objeto daqueles que eu só via na televisão e nos jogos de vídeo game, objeto daqueles que com uma pressionada no gatilho pode parar algum coração.
- Vai! Acorda! Levanta! Anda!
Levantamos e num gesto de medo, desespero ou sei lá como podemos chamar, pronunciei:
- Ok, estamos levantando mas não nos machuque por favor.
Sua entonação foi seca o suficiente para eu perceber que ele falava da boca pra fora.
- "Tá".
Ele nos levou para outro quarto no mesmo corredor onde havia outro homem armado (daqueles feiosos com aquelas meias na cabeça) e a família inteira no mesmo. (Minha sogra e seu respectivo namorado, meu cunhado e minha garota).
Os tiros começaram... Foram mais de dezessete mas já no terceiro tive a covardia (não racicinada, aliás) de sair correndo para o banheiro do quarto onde eu estava dormindo antes de ser acordada daquele modo ridículo.
Um tiro nas costas... Não tomei por milagre divino, por sorte, POR DEUS.
Antes de trancar o banheiro chamei por minha menina, mas a mesma não respondeu. Letícia IDIOTA no banheiro se escondeu.
Incrível como nessas horas não somos NADA! Aquela impotência que eu tinha sobre a situação me corroía até a alma. Se por tiro não faleci, quase dei adeus é com uma parada cardíaca.
Andava de um lado para o outro naquele banheiro que utilizei de refúgio. Já não ouvia os berros dos ladrões, nem das mulheres da casa. Ouvia apenas a voz do meu cunhado "Socorro! Vou morrer! Socorro" (isso de cinco em cinco segundos).
Parecia eu, estar ali, presenciando um filme, cujo gênero seria ação, feito por um roteirista infeliz pois.... Infelizmente não parecia que iria ter um final feliz.
Eu implorava olhando para cima, berrando em plenos pulmões: "SENHOR POR FAVOR, ILUMINE A BRUNA! CONFORTE O DIEGO! SALVE A TODOS! EU ACREDITO NO SEU PODER MEU DEUS!"
A sensação de perda de uma grande parte do meu quebra-cabeça era pior que o pânico que eu passei ao fugir do fogo cruzado.
Foram os piores vinte minutos da minha vida inteira.
Por mais que eu achasse que tudo estava acabado, meu pensamento me contradizia, pois meu desejo era sair logo dali, abraçar minha garotinha e dizer o quanto eu a amava! Recontar sobre a imensidão que a vida dela exercia sobre a minha.
Os anjos iluminados me abraçaram pois eu consegui respirar com calma, consegui captar a minha essência de ser sempre positiva "Vai terminar tudo bem!".
A fechadura mecheu. Olhei-me no espelho e transportei meus pensamentos a Deus "Eu me entrego meu senhor... Cuida de mim!"
Falei para quem tentou abrir a porta: Eu estou aqui... Vou abrir, mas por favor, não me mate!" (me contradizendo novamente... Eu não tinha acabado de me entregar pra Deus?"
O homem respondeu:
- Tá!
Abri e.... Era um policial! Olhei para a porta do quarto e lá estava a MINHA menina linda. Intacta, que desesperada correu para os meus braços assim como eu fiz o mesmo! Foi um abraço de alma! A alma mais verdadeira que eu já pude tocar!
E todos da família estavam no quarto...Estavam vivos. Apenas o namorado da mãr da minha garota levou um tiro no braço, mas felizmente não corre risco de vida. Dois ladrões foram presos, e um está em coma devido a uma bala no centro da barriga.
E é sempre aquele mesmo velho ditado: Você só passa a dar valor a vida quando vê a mesma quase partindo.
Sou uma pessoa grata e muito abençoada. Tenho anjos lindos ao meu lado e uma garotinha no meu coração, nos meus braços, lábios e afins.