segunda-feira, 19 de julho de 2010



"É tão chato ser invisível diariamente!" Um passo, dois passos, três passos, quatro passos [...] quarenta e oito passos [...] trezentos e trinta e seis passos [...] Sinto sede mas não tenho vontade de beber. Sinto fome mas não quero comer. Sinto vontade de abraçar mas ainda não me viram. Quinhentos e noventa e nove passos! Um lago, um pé de morango, e a solidão. Ainda não é o suficiente... Mil e seis passos, vejo pessoas, algumas apressadas, outras engraçadas... A maioria de mãos dadas! Empolgação.
Dessa vez, vou correndo... Estou cansada mas não posso parar. Tropeço, viro do avesso, levanto e continuo... Três mil e duzentos e vinte e oito passos, e um rolamento. Dou um sorriso para a moça... Mas que droga -ela não me vê-, era uma cilada... Aquela ainda não era você. Cinco mil e dois passos, Sugo a energia da lua para me fortalecer, tão distraída, nem ela pode me ver, corro mais um pouco e logo chega o sol, aceno para ele e surpreendentemente... Sou ignorada!
A sede ainda continua, a fome também.... Cansei de tentar ser vista por alguém.
Volto o trajeto. Chego no lago. Bebo água cristalina. Como morangos doces e vermelhos. Vejo alguém se escondendo atrás da árvore. Vejo a mesma olhando em minha direção... Será mais uma a me ignorar... Ou não? Com apenas sete passos ela chega até a mim. Ela segura minha mão que segundos antes derrubou a fruta no chão. Dou um passo para trás... "SÓ PODE SER ILUSÃO!".
Um passo para frente ela deu após minha recuda. Encostou seus lábios aos meus. Deslizou seus dedos pela minha face. Um passo em nossas vidas, demos naquela tarde. O primeiro passo do sentimento que duraria até a eternidade.