sábado, 3 de janeiro de 2015

Liberdade


Olhou-me sedento mas manteve-se à distância. Tentei uma aproximação maior, dei alguns passos em sua direção... Mas ele minuciosamente esquivou-se. Tudo o que eu podia pensar naquele momento ecoava em alto som mesmo que dentro de mim: Não se vá. Não precisa ficar feito um compromisso firmado... Mas agora, fique. Olhava-me quase sem piscar, eu podia sentir que era recíproco a vontade de permanecer por perto mas seus olhos, apesar de sedentos sangravam o medo. Eu queria poder te passar algum resquício de segurança mas eu não podia prometer algo que eu não obtinha certeza absoluta. A única certeza era: Por favor, por hoje fique. Não se vá, por favor. Não há orgulho. Eu poderia implorar... Mesmo assim, pedi educadamente, "fique!" Arrastei a gaiola empoeirada que à anos estava guardada no porão, desemperrei sua porta e sentei no banco de madeira enquanto o observava.... O pássaro cantou um hino ao entrar acanhado entre os ferros enferrujados. O cadeado nas minhas mãos uivavam para não serem usados. Arremessei-os ao fundo do mar, deixei a porta da gaiola entreaberta e cantei um canto desafinado, berrando amor para mantê-lo por perto. Amar não é posse... Amar é poder ir e mesmo assim, naturalmente preferir ficar.  Cante um doce som para mim, e então ficarei. 

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