quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Fatal


As vezes eu sinto falta do cheiro de dama da noite que tinha no fundo de casa antes da reforma. 
Sinto falta de perder os olhares na avenida. Patrícia, eu sinto a sua falta. Quero dizer que sinto falta dos dias que eu levava a escada da minha mãe até a calçada na rua debaixo pra colher amora. Sinto falta do que faz muito tempo. Sinto falta até de ontem. Eu sinto falta do que eu nunca tive oportunidade de alcançar, mas ironicamente me alcançou. Me tocou. Me bagunçou. Principalmente para mim, que sei que não se deve usar "ME" no começo de uma frase. Sinto falta da objetividade. Sinto falta dos agudos, graves já conheci demais. Demasiadamente sinto falta do espaço oco que  é não sentir falta. "Se sente falta é porque não está ali" e se não esta mais ali, como pode pesar tanto? Fico pensando. Penso também como as vezes no calor da revolta a gente sempre comete uma falta... E preocupante é pensar que se mudarmos o "L" do meio para o final seria drástico. 


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Apenas o real


Tudo o que parece distante do real me desarma. Despido-me de futilidades e cuspo a certeza de que esse é o correto a ser feito. Sou maré calma mas aprenda a remar antes de tentar navegar. Cautela e honestidade: O mar conhece todos os seus marinheiros. Você pode pedir sutileza para aguentar a travessia ou pode revoltar-se. Gente revoltada o mar engole só pra mandar de volta pra terra tempos depois. Seja direto, rodeios geram redemoinhos. Sou feita de simplicidade, qualquer brisa me agrada, qualquer pôr-do-sol é bem vindo, troco uma tarde no cinema por um dia todo só pra te ver sorrindo.
Topo acampar no quintal, chocolate não gosto com grande porcentagem de cacau, gosto de tudo o que é doce... Será que é pra contrastar no meu sal?! Usar a metáfora do mar para se descrever hoje em dia sei que é comum, mas não sei porque tanta gente foge disso. Num mundo cheio de loucos algo comum nos torna "ok". Eu vejo poesia num chá de hortelã mas não vejo nos textos de Shakespeare e isso não deveria ser um problema, uma vez que o poeta era ele, não eu.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Expansão


O conteúdo da nossa mente está sempre em fase de expansão. Permita-me dizer que quando me refiro à "conteúdo da mente" não digo porém em relação à tudo o que você armazena nela, por exemplo: matemática, física, química e de tantas outras matérias escolares... Aliás "matérias" está mesmo longe do assunto, pois me refiro ao conteúdo não material.
Ele pode partir sim, de algo material, por exemplo: Quando um sorriso é lançado para você através de alguma pessoa (seja ela conhecida ou não) é algo que é realizado pela matéria mas as reações que ocorreram transcende as barreiras materiais (como por exemplo, sua felicidade e emanações ao receber esse gesto) Tudo isso gera energia (Ah, e o que não gera?!) e sim, nossa energia está sempre em expansão e o que fazemos com ela vai definir nosso nível espiritual que por sua vez nos definirão, quer você aceite ou não.


Quando digo que ele se expande é mais no sentido de crescer, evoluir. Lembremos que nenhum espírito regride. SIM: Nenhum.
Conteúdo esse que muitas vezes se recicla, uma vez que você ao obter um aprendizado após passar por algumas enumeras situações, consegue mudar hábitos que antes julgava ser praticamente impossível de detê-los.

Ter conteúdo amplo e positivo no mundo de hoje ainda parece coisa de gente careta. As pessoas ficam espantadas quando percebem que você não quer entrar na onda delas para maldizer sobre a vida alheia (e que onda brava!)
É saber que você não é perfeito mas entender que se você está aqui encarnado é porque você quer tentar e vai agarrar essa chance com unhas e dentes.
É não julgar. É tentar parar de reclamar. É pedir forças e ter fé que o mundo pode sim melhorar.
Ter conteúdo amplo e positivo é olhar e orar para todos de forma igual: do bem ao "mal".
É saber que a religião é o que menos importa e principalmente que não existe a melhor religião, uma vez que a melhor religião é aquela que nos melhora.

E quer saber, cara? Se isso caretice for... Que se expanda!



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Prevenção ou Pré Invenção?


Estão todos "preventivamente" revoltados
Dizem estar confusos
Mas andam armados
Não é aquela carabina do Adoniran
É algo mais forte, 
Algo que se estende inclusive após a morte.

Querem prevenir-se contra algum tipo de mal
Franzem a testa
Vestem máscaras
Quase chegam a grunhir 
Alguém os avise:
O mal começa é aí.

A única coisa que levamos 
É o que somos 
E o que somos
É o que sentimos
Sente?

A melhor prevenção contra o mal
É trabalhando em prol do bem
E quando o trabalho é bem feito
Não há necessidade de máscaras:
Haverá o respeito

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O fim não existe


Repetidamente falarei e de certa forma com clareza o quão importante tu és para mim. Peço porém, que não te enjoes tão facilmente pois tenho a mania bizarra de falar apenas o que realmente vier a sentir. O que realmente me comover até o âmago. 
Sendo assim, se você se tornou uma parte de mim, uma importância sem fim, a culpa também é tua. 
Não perca tempo tentando entender o porque do adjetivo "bizarro" ao tentar explicar-te algumas de minhas manias, até porque se bem me conheces, entende que não gosto de causar interrogações mentais. 
Por gentileza menina, caso eu possa fazer um pedido, quer dizer, mais um além de que não se enjoe do meu amor é que continue me amando. Exatamente desse mesmo jeito que a gente se ama. De olhos abertos e fechados. Na balada e no quarto. No bar e na grama da praça. No modo como nossas mãos deslizam pelos nossos corpos de uma forma que parecemos estar tocando a "coisa" mais valiosa que nossas mãos já puderam sentir. Quando a gente se aperta bem forte tentando entrar dentro da outra. E sabe, toda vez que isso acontece, tenho que te confessar que você entra um pouco mais em mim. O fenecimento do vazio ocorreu depois da tua vinda e se você decidir ficar comigo até o fim dos nossos dias, eu estarei ainda com você também, após eles.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Entregue-se


O garoto que mora na rua por causa das drogas contou-me sobre suas cinco irmãs e da saudade que o apertava o peito. O sonho da sua vida é reencontrá-las "mas tem que ser de longe" Disse-me com os olhos lacrimejados. "Onde elas ficam?!" Questionei-o. "Alguns bairros pra lá..." Esticou o braço para a esquerda. A falta de coragem é a maior barreira de todo o ser humano. O garoto viciado em craque recitou uma das poesias mais bonitas que eu pude ouvir, o autor era ele próprio. Contou-me do quão ruim é ser invisível diariamente e pior que isso era causar franzir de testas quando visível. Contou-me do amor pelos cães que ele mesmo cuida e divide o pouco espaço de papelão nesse frio cinza de São Paulo. "Saí de casa muito cedo porque eu queria usar drogas e não queria entristecer minha família". 
Cheguei a pensar o quão contraditório é ele ter coragem de ir embora para que as pessoas que ele ama não sofressem com o seu estado atual e ao mesmo tempo ele não ter coragem nem de ir até o seu bairro para vê-los para matar a saudade. O garoto que dorme com os ratos é uma pessoa de riso frouxo, poeta no olhar e nos dizeres e acima de tudo ama, porque quem ama verdadeiramente o coração parece ficar aberto e escancarado, Sente-se em vibrações. Você seria capaz?!  Naquela noite, ele estava sóbrio e ficamos algum tempo conversando sobre a sua vasta bagagem de leitura. 
O garoto que mora na rua por causa das drogas hoje completa 43 anos de vida... Eu não sei o motivo por ele ter se rendido ao vício, frio e situações precárias... Mas eu sei que aquele Garoto de 43 anos tem de fato, mais histórias do que quando caiu no mundão, mas seus medos continuam os mesmos... Não nos cabe saber o que o levou aquela situação, mas sim, entender que independente dos seus caminhos e escolhas ele é um Garoto que precisa de atenção, respeito e entrega. Um sorriso pode mudar um dia, quantos você entregou hoje?! 

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Por todos os cantos


O amor naquela noite foi também palpável. Pude senti-lo queimar em minhas mãos e quanto mais queimava-me mais difícil era de soltá-lo. Eu respirei o amor naquela noite... Pelo nariz e também pela boca. Enquanto ele entrava em meu corpo eu me forçava para não perder a concentração e não aparentar toda a fúria que eu sentia internamente. A fúria mais contraditória que eu já presenciei, ela trazia paz. Respirava-o lento. Tragava-o sem medo de viciar-me. Calmamente degustava-o. Exatamente naquela noite eu pude enxergar o amor e não liguem para a confissão à seguir: Eu também o enxerguei de olhos fechados.
Naquela noite, pela primeira vez, eu queria que o tempo parasse. De fato, ele não parou, mas eu parei naquele momento mesmo após três dias já terem se passado. Eu comi o amor, cada parte dele. E digo mais, eu o comeria todos dias: Almoço e Janta, sem reclamar! O amor estava ali, dentro de mim e dentro dela e os nossos beijos, naquela noite, não foram apenas selar dos lábios, deslizar de línguas e afagos sintonizados... Os nossos beijos foram sussurros calados em silenciosas promessas. O nosso beijo foi um grito de verdade despido de qualquer vaidade e a única maldade era não dividir isso com mais ninguém da sociedade. Foi eterno enquanto durou, não. Aquela noite "durou" porque está sendo eternamente viva dentro de mim. Por todos os enquantos que sou e por todos os encantos que me faz sentir.