Passo número um.

Não tem como vencer uma batalha sem ir á luta. Ferido ficarás, sangue e suor escaparão do teu corpo cansado mas és guerreiro tanto quanto campeão.
O corpo cai pro espírito se elevar nas dunas do verdadeiro caráter. Será tu quem farás a diferença enquanto o perdão não perder sua essência. Discórdia entrará em greve mas seja breve:  Não perca a crença, a paz permanece intacta no teu nobre coração. Não há vitória sem batalha. Mate hoje mesmo teus monstros internos e plante rosas  no teu peito. Feito?

Escombros

Olhou em meus olhos com a mesma expressão de autonomia fragilizada, secou sua lágrima unitária e fez descer em seco sua saliva amarga. Doía só de olhar. Laço desfeito feito pó maciço, vômitos eram desesperos, nós na garganta e consciência eram como escombros. Com um abraço e um perdão eu poderia mudar o fim da história mas não mudaria seu coração, ele já estava morto e ressecado há tempos.
Canivete rente ao punho, sangue jorrado por todos os lugares. "A culpa é tua..." . "Cala-te a boca!" - Cuspi no corpo desmaiado e o mesmo comecei a fazer. A culpa era tão dela quanto minha. 
- Te vejo no inferno.

"Sorria, não deixe escurecer meu dia..."

 - Anoiteceu minha pequena... Pode deixar que suas pálpebras cansadas caia junto com a lua que se faz presente no céu lá fora e tranquilize essa mente bagunçada. 
Apoiou a cabeça em meu peito e me deixou confusa a ponto de não saber qual era a respiração dela e qual de fato era a minha, chegando enfim a uma conclusão: Éramos apenas uma. Mesmo que por uma noite.
Passei a madrugada inteira em claro pensando em como temos o dom de complicar a vida... Eu que percorri por tantos caminhos a procura da felicidade tive a consciência de que o que me deixa claramente contente é a menina dos olhos puros esparramada no meu ser, podendo assim, emanar todas energias cordiais presentes no coração,  pele á pele.
Queria saber com o que sonhava e um desejo maior do que eu estar nele era de que ela não inventasse desculpas desconcertadas para evitarmos nossos encontros noturnos ao longo dos dias.
Observava cada traço do teu corpo nu enquanto a manhã vinha chegando de manso, junto com o vento suave que fazia a cortina dançar.
Uma noite inteira não foi o suficiente para esfaquear a vontade que meus sentidos uivavam mas, além das olheiras que obtive hoje após ela ter ido embora, ganhei também uma mensagem no celular que respondia a pergunta que fiz antes de vê-la partir do meu apartamento: "Moça, primeiramente quero que saiba que nossos encontros noturnos terão que ser cancelados, obviamente porque eu quero me encontrar com você desde que o dia raiar até a última estrela aparecer no céu negro. Por tempos eu não dormi tão bem, por tempos eu não me sentia leve, e se tem algo que me faz bem em ti além do teu sorrir é a luz que nasce no seu peito e explode em tato em corpo meu. Exato! Explode no meu corpo e penetra por todo meu espírito. Em relação a sua pergunta sobre o que eu sonhei, eu sonhei contigo e isso acontece desde o primeiro dia que te vi entrando pela minha floricultura a procura de decorações para sua sacada encantada.
Logo que você pisou no tapete de entrada, o seu sorriso alcançou todo o ambiente e até a flor mais cheirosa quis roubar o teu perfume. Fique tranquila que eu já dei uma bronca nela, por invejar e não se contentar com o que somos, e ela está chegando aí daqui a pouquinho para se desculpar."
E não é que o porteiro interfonou dizendo que havia encomenda pra mim?
No fundo acho que viver tem um pouco disso, de coisa boa e seja ou não coincidência enquanto eu esperava o elevador pude ouvir um anjo me sussurrar: Sorria mesmo! Não são apenas  flores que estão encomendadas pra ti. Agora você tem um coração tão bonito quanto o teu. Corações que vibram na mesma sintonia, Almas que dançam o mesmo samba. Sorria e tenha a minha benção. 

Amém.

Minha eterna Flor de cerejeira.

Dançávamos pela grama molhada de chuva no calor da primavera e não pensávamos em outra coisa que não fosse aquele momento. Lembro-me como se fosse ontem da sua risada espontânea após o meu tropeçar num tronco fazendo com que eu caísse puxando você pra cima de mim. O momento era totalmente propício pra eu dizer o quão minha vida havia mudado após o saber da tua existência mas você me fitava tão profundo que parecia despencar do eterno abismo desse meu olhar. Minhas mãos pareciam um laço em volta do teu corpo trêmulo ao desvendar um fato tão delicado quanto poético: Sou o enfeite que sempre faltou no teu existir.

Após meros segundos em silêncio onde o único barulho que ouvíamos era o de nossas respirações intensas, como um ímã, nossas bocas foram aos poucos aproximando-se e se tem algo que nunca vou me esquecer é da tua língua deslizando pelos teus próprios lábios ao demonstrar toda vontade incontrolável que transbordava pela tua face transparente.

Digo convicta até hoje que não foi um beijo e sim uma entrega. Sinceras energias positivas sugadas através do encontro labial mas que infelizmente não foram o suficiente pra arrancar e triturar a doença que dia após dia se propagava em teu corpo frágil e coração tão forte quanto as cenas do nosso verão. O verão mais bonito da minha vida com direito a amor nos balões em céu azul e promessas arremessadas dentro de garrafas ao mar: "Quando eu partir, deixe-me no lugar mais bonito que há em você?" Disse enquanto encarava as ondas e eu, tentando evitar as lágrimas que insistiam em escorregar serenas pela minha face, respondi: "Só se guardar um pedacinho de nuvem pra eu me deitar contigo toda vez que eu sonhar, princesa." Deu-me o abraço mais forte e verdadeiro que pude sentir, de algum modo, acho que ela sentia que seria um dos últimos. Aliás ela tinha mesmo esse poder de saber tudo de tudo, inclusive de como se fazer presente por onde eu trilhar. Sinto teu cheiro de flor de cerejeira toda vez que vou nas areias dessa mesma praia que pra sempre levará e trará as promessas imortais e cantarolo: "Que prazer mais egoísta

O de cuidar de um outro ser
Mesmo se dando mais
Do que se tem pra receber
E é por isso que eu te chamo
Minha flor, meu bebê".

Após o sinal, deixe seu recado:

Morena dos olhos escuros, hoje desde que o dia raiou e os raios solares invadiram a janela do meu apartamento, tive a consciência de que o vazio que domina o ambiente não foi ocupado com os móveis elegantes que comprei ontem. Está tudo muito bonito por aqui e até pensei em me apresentar como decoradora de interiores. Posso começar por você? Ajudar a jogar as tralhas desnecessárias, florir  com sentimentos dóceis, colocar cada coisa no seu lugar, tal como eu bem ali no seu coração e pra garantir será com Super Bonder!  (risos)
Brincadeiras a parte, o motivo da minha ligação foi mesmo pra dizer que eu posso fazer o que for nesse bendito apartamento 137. Poderia inclusive, tirar todos esse móveis comprados ontem, que a partir do momento que você entrasse por essa porta estaria completo e eu não gastaria com nada que não fosse: Tempo. Todo o tempo do mundo junto com o amor mais bonito de todas as galáxias. Que o domingo será longo com a tua ausência é um fato mas da próxima poderia ao menos atender minha ligação porque já está na hora do almoço.
Minha boca saliva de uma fome que tem nome e sobrenome: Você.

Entregar o ser e ser sempre assim.

Pude sentir seu perfume doce enquanto eu ainda estava de costas procurando-a pelo bar vazio. Antes que eu pudesse virar de encontro ao meu extremo desejo, apertou-me a cintura ao passar a língua de leve em minha orelha descendo até o pescoço. Arrepiei. Gemeu baixo ao sussurrar: Por quanto tempo será minha? 

Que você será a dona de todos os meus pensamentos por todo o meu respirar é um fato mas era óbvio que eu não iria falar isso e finalizar sua vontade de conquistar algo que você julgava ser inalcançável. 

Grudei meus dedos nos seus cabelos e me virei de encontro ao seu rosto ao tentar conter minha respiração tão apressada quanto a vontade de te beijar e selar ali mesmo, a promessa de um pra todo o sempre: De quanto tempo você precisa, moça?

Deixou seu sorriso sapeca tomar conta da sua face inteira ao conter o riso. Respondeu: Então eu que mando aqui, é isso mesmo?

Droga! Já não basta domar todos os meus sentimentos e agora eu acabara de entregar o controle de toda a situação. Apenas respondi: Vamos ver se você consegue surpreender, darling.

Conduziu-me até a mesa no qual ela havia escolhido, sentou na cadeira e me puxou para seu colo.

Olha, eu posso dizer que é o único lugar do mundo onde eu sempre quis permanecer. Estar nela, por ela, em qualquer lugar. Em qualquer posição. Apenas com ela. Eu paralisada nos seus encantos enquanto ela tornou: Eu poderia te dizer que cinco minutos me bastaria. O problema é que a cada segundo que vejo o teu piscar e sinto o teu sentir, eu quero estar contigo por mais e mais. Então, diga-me você o tempo que me concede tal honra.

Beijei seus lábios macios e deixei que minha alma falasse por mim. Deixei que o calor do meu beijo berrasse toda a minha entrega. Cansei de fugir do afago que me causou tantos sorrisos inesperados, inclusive em sonhos. Um beijo tão demorado quanto os dias que passam arrastados quando não a vejo. Abri os olhos e para minha alegria ela tinha entendido o recado, seus olhos estavam molhados. Dessa vez quem surpreendeu fui eu e pela primeira vez, entreguei-me em palavras sem rodeios enquanto colocava a palma da minha mão sobre seu coração acelerado: Todo o tempo do mundo e em qualquer lugar dele. - Tirei a aliança comprada pela manhã do meu bolso e rindo da cara espantada que ela fez, prossegui: Quero ser apenas sua, você aceita ser apenas minha? 

Sorriu com os olhos, beijou-me com a alma. Traçamos naquela noite o destino de uma vida toda, e agora vendo-a dormir no meu peito, com esse cabelo todo bagunçado, tenho a certeza que eu raptei sim, um bocado da sua essência no beijo profundo que  roubei naquela noite estrelada de outono.

Afetada e sem afeto

O vento frio do outono leva quase tudo:

Folhas secas

Papéis sujos

Cabelos soltos

Borboletas perdidas

Só não leva a mim. (nem se quer p'routro jardim)

O vento frio de outono trás quase tudo:

Vontades secas

Planos sujos

Destinos soltos

Saudades perdidas

Só não trás afeto. (nem se quer o cheiro doce de quando havia você por perto).