segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Doce.


Eu nunca vou saber o que de fato aquele sorriso de alguns minutos nos lábios rosados, dentro do metrô vazio, quis me dizer. Talvez ela tenha achado meu cabelo legal ou tenha gostado do meu vestido florido, em tons pastéis. Talvez ela quisesse se aproximar para dar início a uma futura amizade, talvez ela tenha visto poesia em mim do mesmo modo que vi nela. Eu pude prever seus gostos (e não quero nem pensar na possibilidade de ter errado). Ela gosta de Chico Buarque, seu hobby é escrever, moça de bom coração, solteira por opção! Sua saia longa -bem hippie- marrom com vermelho contrastava com sua pele, branca como leite. Seus cabelos castanhos e lisos até o meio da coluna brilhavam como estrelas num céu limpo! Talvez eu não volte a vê-la em toda minha vida e tampouco descubra o verdadeiro motivo dela me fitar com olhares encantados e sorrisos estonteantes enquanto eu apenas a encarava com os lábios serenos, olhar tímido e pernas bambas.
Naquela noite avistei o amor do meu ser. Conheci e casei.
Só me faltou saber o seu nome.


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"Sex: Just do it!"


Vagalume pisca
Lâmpada apaga
Vela acende

Coração bate
Olho fecha
Mão encosta
Aperta
Desliza

Paz se faz presente
Ódio ofusca entre a gente
Somos nós: Puro amor por uns minutos entre lençóis. Enfim a sós.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Somos tão jovens. -e complexos-


- Ora, Tereza.... Quantas vezes terei que dizer? Beleza não se põe na mesa!
Veja o meu caso, me casei com a mais bela do colégio sessenta e três anos atrás e na metade do trajeto de minha vida ela me deixou por um novinho cheio de grana! Grande merdinha na cama, eu aposto!
Mas o assunto não é esse... Você me entende? Beleza não se põe na mesa, Tereza!
Pense se você o quer para a vida toda, ou então além da vida! Reflita se você está em paz ao lado dele, se ele a faz suspirar ao fechar os olhos! Não o queira para desfilar nos shoppings aos finais de semana, nem para se autoafirmar. Sabe, querida... Você não faz ideia do quanto eu fazia sucesso na juventude... Galã da turma, disputado pela mulherada... Olha o que o tempo faz... Olha o que sua avó teve coragem de fazer: Me deixou assim como fizeram meus fios de cabelo. Em pensar que eu a queria mesmo com aqueles buracos nas pernas, aquelas rugas no rosto, os fios grisalhos que ela insistia em pintar!
Tereza, beleza não se põe na mesa... O amor.. Esse sim! Coloca-se na mesa de prato cheio e engole-se até pelas entranhas dos orifícios mais discretos.
Tereza, beleza não se põe na mesa! E nem o cotovelo, sua avó  não te ensinou nem bons modos, menina? - Deu um tapa no braço da garota e saiu com o jornal diário na mão, enquanto a pequena de olhos bem arregalados olhava o ponteiro do relógio que ia e.... ia, ao pensar o quão complexo era escolher com quem ficar até a eternidade.
Tereza coitada, só tinha treze anos e já era tão sensível! Uma coisa ao menos, era certa: Cotovelo e beleza não se colocavam na mesa. Não queria levar mais tapas do avô e nem apunhaladas da vida.
Tereza não procurava rostos bonitos. Procurava afeto de almas afetadas pelo mesmo objetivo: conhecer alguém por inteiro e não abandonar após isso.
Tereza transformou-se em essência. (e muito mais).

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Sobre reencontrar o que não se perdeu;



Eu estava com meu charuto Cubano mais caro na boca e com a carta que eu escrevi pra você a três anos
atrás na mão esquerda, enquanto a direita estava dentro do bolso da calça de alfaiataria bege
trançando uma figa nos dedos. No pescoço, além do colar de pimenta vermelha também estava grudado
em minha pele o perfume que você mais gostava de sentir em mim.
Meus passos eram apressados mas meu olhar como sempre bem esperto, avistou uma floricultura na metade
do caminho. Rosas vermelhas ou brancas? Nem para comprar flores eu tenho certeza do que será o
melhor. Comprei uma de cada cor. Amor e paz, muito bom!
Passei por caminhos antigos,cantarolando Lenine para os ares, sorri para estranhos que não me
contribuíram da mesma forma. Querida, em que mundo estamos? São só três anos a mais da época em que
Eu não fumava, escrevia textos com certa frequência e a população me fitava com certa admiração.
Será que é o cabelo que agora só uso ondulado? Ou seria a falta de maquiagem? Então... A loucura que julgam eu usar blusa branca lisa todos os dias, em todas as ocasiões porque meu transtorno obsessivo
compulsivo piorou? Será que é porque eu ainda ando a pé? Será que é porque eu ainda sou um fracasso
como escritora? Mas por agora, basta de perguntas retóricas porque a realidade é uma só: Acabou a
admiração por mim, quando eu simplesmente desisti de nós . Desde o dia em
que você saiu da porta do nosso apartamento dizendo que estava na hora de partir porque eu nunca
iria crescer aqui no mundo carnal.
Moça, eu estou chegando... Quando me ver, além de me abraçar rente ao seu peito, me queira bem!
Aceite as rosas, a carta e sorria. Eu realmente ainda não aumentei meus bens materiais mas por favor,
 não deixe o grito dos meus olhos implorando por um dia de afeto soar em vão pelas ruas dessa cidade
cheia de automóveis chiques e felicidades ilusórias.
Sejamos apenas corações por hoje, seremos felizes até o dia raiar, neblina descer e você sair avoada para
seu trabalho, tão importante para seu crescimento capitalista.
Te amo mas você não me merece.
ps: Mesmo assim, os sorrisos que despertei em seus lábios doces ficam por minha cortesia.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Poema num dia de (muita) tensão pré menstrual.


No conjunto das mais belas flores
Meio a relva aveludada
Estirei-me de corpo inteiro
Deixando a camisa de seda amarela, amassada.
Pouco me importava com o que me vestia
"De quê vale a roupa se a alma é vazia?"
Café amargo, tomate podre, dentes nas unhas.
"Que merda é essa que sou hoje?"
A merda que você engole salivando falsidade!
Pra você, um toque de verdade. Se conforme com a realidade:
- Apenas não me importo mais contigo. Não tem mais "Blues da piedade" nem "tempo perdido".


terça-feira, 24 de julho de 2012

Sobre amar, para alguém sem amor.


Se a vida fosse feita de certezas
E o amor corresse para sempre instantaneamente 
Com intensidade gratificante dentro de nossos corações acéfalos:
- Perfeito! - eu diria.
Para quem presencia a dúvida diariamente 
E vê o amor ficar pra trás devido o peso do corpo cansado de carregar a alma alienada no "possuir" seria perfeito um coração acéfalo. Convenhamos: 
Amar, as vezes é dizer adeus.
Amar, as vezes é dizer adeus e dar as costas.
Amar, as vezes é dizer adeus, dar as costas e ir embora para casa vazia que habitamos em nós mesmos.
Amar , as vezes é dizer adeus, dar as costas e ir embora pra casa vazia que habitamos em nós mesmos, desistir no mesmo instante, agarrar, não soltar, não querer dividir mas aceitar fazer o mesmo.
Amar é casar os pensamentos e ser fiel de corpo inteiro.
Amar é ter a consciência que o trajeto não será só de certezas
Mas ter ao menos uma: "Meu sorriso sincero, aquele de canto de boca, sem batom vermelho, de cara pálida e espírito puro: É inteiramente teu."


 

domingo, 17 de junho de 2012

Fervendo



O grito está calado nos dedos do poeta que não é amado.
Mesmo assim se deixa amar.
Há dias que estais a tentar escrever uma nobre declaração  para seu segredo-cor-de-fogo.
“ÉS TÃO BELA QUE POR TI SE FAZ O MEU SORRIR
Doce devem ser os lábios. Tão doce que não há de existir
Um ser que não a queira bem perto do peito. Dentro dele ao lado esquerdo. Até mesmo  fora ao  lado direito pra dar descanso a sua cabeça. Fazer-te ninar”
Desabafo em vão vindo de um coração que palpita á espera eterna.
Texto amassado e jogado no seu lixo interno corroído pela ridícula dor que é amar sozinho.
Desce até amargo: Esse último gole de vinho.