segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Doce.


Eu nunca vou saber o que de fato aquele sorriso de alguns minutos nos lábios rosados, dentro do metrô vazio, quis me dizer. Talvez ela tenha achado meu cabelo legal ou tenha gostado do meu vestido florido, em tons pastéis. Talvez ela quisesse se aproximar para dar início a uma futura amizade, talvez ela tenha visto poesia em mim do mesmo modo que vi nela. Eu pude prever seus gostos (e não quero nem pensar na possibilidade de ter errado). Ela gosta de Chico Buarque, seu hobby é escrever, moça de bom coração, solteira por opção! Sua saia longa -bem hippie- marrom com vermelho contrastava com sua pele, branca como leite. Seus cabelos castanhos e lisos até o meio da coluna brilhavam como estrelas num céu limpo! Talvez eu não volte a vê-la em toda minha vida e tampouco descubra o verdadeiro motivo dela me fitar com olhares encantados e sorrisos estonteantes enquanto eu apenas a encarava com os lábios serenos, olhar tímido e pernas bambas.
Naquela noite avistei o amor do meu ser. Conheci e casei.
Só me faltou saber o seu nome.


14 comentários:

  1. Que lindo!!\0/

    Estou ficando viciada em seus textos!

    uma ótima terça!

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  2. O amor não precisa de nomes,
    definitivamente.

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  3. Aqueles detalhes que encantam os olhos.

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  4. Letícia, meu novo vício. Suas palavras são intensas, transbordam um algo que não posso nomear. Só sei que é um misto de coisas, de sons e de cheiros, de sabores, de cores e texturas. Sinestesia sem-fim.
    O texto do perfil já se faz suficiente; palavras hipnóticas que fascinam sem piedade.

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  5. doçura do mel! esse é um momento super feliz, descobertas, amores, sutilezas...linda poesia, belissimo texto Letícia! bjao

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  6. Será que foi um encontro de almas? Acredito piamente nisso como o sol de todos os dias... Há pessoas simplesmente que amo e nem sei muito sobre elas... Belo texto!

    Beijo

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  7. A imaginação da gente, leva a gente até o fim da vida, e da melhor forma possivel, em um minuto,

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  8. Adorei, não há nem o que acrescentar.
    Talvez, como a "poetinha feia" comentou, possa ter sio um encontro de almas, e que lindo seria se fosse isso.
    "Naquela noite avistei o amor do meu ser. Conheci e casei.
    Só me faltou saber o seu nome."

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  9. Isso é lindo,
    e mesmo que nunca mais a veja, e lembrança sempre estará presente em sua mente e refletida em seus olhos.

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  10. um conto poemático
    belo dramático
    com efeito
    bem construído
    bem feito
    o cenário estupendo
    um metrô vazio
    o seu sorriso
    seu vestido de pastel
    o casamento
    quase na velocidade
    de um neutrino
    mui belo

    Luiz Alfredo - poeta

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  11. Me identifiquei com o texto, já fui casado e não sabia. Belo!

    "Observando, outra paisagem se forma acima da natureza real e o irreal se faz presente de modo que meus olhos já não enxergam mais e apenas fingem observar. E torno-me um artista, um escritor, diretor e ator, faço um filme diante dos meus olhos, escrevo um roteiro em linhas imaginárias e com falas arranjadas, ela é a protagonista deste sonho improvisado e que jamais será realizado por falta de vontade própria ou medo de ir conversar com ela ou receio ou apenas desejo de fantasiar e não querer estragar o prazer de idealizar uma pessoa imperfeita de modo perfeito, porque um estranho pode ser qualquer pessoa que desejamos que ela seja, basta apenas imaginar." (Terceira Pessoa, "Observando")


    tercerapessoa.blogspot.com

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  12. Bela tradução dos nossos "amores de metrô".

    Quem liga para os nomes, quando há amor?

    bjos

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