segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Lembranças...


O caminhão de gás passa até hoje e sua música ainda é a mesma de doze anos atrás.
A música me trás um certo tipo de nostalgia e me perco dentro de mim em memórias passadas. A vovó era viva, mas a diabetes já havia lhe tomado a visão, mesmo com muita dificuldade ela tentava desenhar gatos numa folha de papel para me interagir.
- Vovó, a cabeça do gato está na barriga dele!
E ela ia fazendo vários até sair um mais certinho para me satisfazer.
Ela não enxergava mas ouvia muito bem, como por exemplo, quando eu corria apressada e amedrontada para seu joelho na varanda e ela dizia:
- É só sua mãe na cozinha com o liquidificador... Ele não vai te morder!
Ela não enxergava mas era bem espertinha! Pedia para eu pegar água do filtro pra ela, mas a da torneira era mais fácil, já que eu era baixinha, mas ela sempre sabia quando eu pegava a do lugar errado!
Na sua última fase encarnada, ela ficou um tempo internada no hospital...Vovó não me enxergava mas eu ia sempre enxergá-la... Bem de longe! Eu era muito novinha e não podia subir até seu quarto no hospital, então ela ficava abanando a mão e sorrindo na janela, enquanto eu, lá embaixo, ficava com meu binóculo vermelho que guardo até hoje.
E se alguém lhe disser que as coisas mudam, acredite, pois agora vovó me enxerga enquanto eu apenas a sinto!

ps: Primeira foto minha que coloco em uma postagem, wooh-hoo.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sair para certos lugares = desanimador.


Foi em um bar lotado de humanos fúteis. Sim, eu estava lá... Mas era a única que estava sentada só.
Deparei-me com um homem de cabelos castanhos, enrolado, bagunçado, barba feita, bem vestido: Bonito! Ao lado dele havia uma bela mulher, pequenina, morena, meiga: Eram namorados, mas ao contrário dela que estava apaixonadamente bêbada pelo rapaz, ele focava seus olhos em mim acompanhados de sorrisos maliciosos em seus lábios carnudos.
Ela passou por mim para ir até o banheiro e seu cheiro doce e marcante pregou em meu nariz. O rapaz não iria perder sua oportunidade... Veio até mim e trocamos essas únicas palavras:
- Quero você! - Disse com desejo através de sua voz máscula.
- E eu quero tua mulher! - Dei as costas e fui pagar a conta.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sem título, sem amor, sem nada.


Desejava:
Beijo romântico,
Abraço acolhedor,
Carícias amorosas....
Penetrava os olhos meus
Dentro dos olhos teus ao mentalizar:
Ame-me!
Ganhava:
Penetração intensa: machucando-me,
arranhando-me,
Tapas e enforcamento.
- Cadê você?
Você não é uma estranha mas age como se eu fosse.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Porque, hein?


Porque eu sou assim?
Uma perdida no mundo sem rumos ou qualidades.
Digo mentiras e caio em todas elas,
Só para me acomodar na pura facilidade.

Porque eu sou assim?
Proprietária de inúmeros medos
Medos mirabolantes
Dignos de uma alma covarde, negando a sí a própria piedade.

- Ela tem medo de escrever, pois busca inspirações em lugares passados. (em sua mente lugares errados) "Ela tem medo de escrever" leia-se: "Ela tem medo de se entender!" (Velho sábio)

Porque eu sou assim?

terça-feira, 26 de julho de 2011

Juramento


Juro para mim
Jamais Jurar a ti
Amor eterno,
Pois um juramento desses requer pensamentos demorados, calculados.
Juro, quando estou contigo eu não quero parar nem se quer para pensar. (não consigo, diga-se de passagem)
Devolva-me os sorrisos, abraços e beijos que me roubaste, só para roubar mais e mais, e mais e mais vezes, sem parar.
Boto a mão no peito e proclamo:
JURO pra você,
Por nós e a nós, o meu amor puro, de alma, sangue e suor:
Este não é raciocinado, sobe nas veias (em todas elas), se espalha por todo o meu ser simultaneamente e escapa pelos lábios de um modo nem um pouco acuado.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Psi....


Meu corpo queimava feito fogo numa desconfortável cama que não pertencia a mim, localizada num quarto que nunca estive.
Haviam agulhas em minhas dolorosas veias: Eu já teria me levantado se meus pés, braços e tronco não estivessem presos igual fazem com os loucos num manicômio. "Mas o que estou fazendo aqui?" - Cheguei a me questionar algumas vezes até entrar uma moça bonita com uma enorme injeção preta.
- Oi, o que houve comigo? Onde estou? - Perguntei aflita.
Serena respondeu:
- Psi.... Psi... Não vai doer nadinha... Psi... Psi... PSICOPATA!!!
Agora, junto da minha pele, o que queimavam eram seus olhos vermelhos, aparentemente possuídos ao me dar injeções pelo corpo todo, ao gritar sem parar: PSICOPATA!
Berrei como nunca havia berrado antes, aquelas agulhadas eram desumanas.
Ela me chaqualhava: É isso o que você merece!!

[...]

- Filha? Filha? Acorda, você está tendo um pesadelo....
Abri os olhos rapidamente no ritmo do meu coração.
- Credo, você está pelando mocinha...Vamos já para o hospital!
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Inconsequente


O corpo cheio de marcas vermelhas com pequenas e muitas gotículas de sangue. Arranhão daqueles mais desejados vindo provavelmente de alguém nem um pouco profano - eu não reconhecia meus atos.
Nos braços havia correntes presas bem rentes à cabeceira da cama.
As pernas e barriga continham algo melado, julgo ser alguma porcaria de doce erótico.
A face era praticamente irreconhecível, marcas vermelhas desenhavam o formato de uma mão.
O pescoço demasiadamente roxo era o motivo daquela garota nua e crua ter apagado para sempre!

Eu não devia ter aceitado realizar seu sonho masoquista. Eu não devia ter feito dos desejos dela a piração dos meus sentidos e o descontrole das minhas forças.
- Amor, isso não é o suficiente?
- Me enforca, vadia.

Eu devia, pela primeira e única vez, ter negado algo a ela.
Ela ficaria brava e frustrada, mas eu me pouparia.
- Matei a garota, morri em mim.