terça-feira, 21 de abril de 2015

Fatal


De tanto cronometrar sorrisos em um ponteiro inexistente acabou perdendo a hora de ser gente.
Os olhos esboçavam dor mas permaneciam secos olhando as gotículas de água no vidro da sacada. Apesar de decepcionada permanecia fria e seu coração apesar de pulsar firme, doía. Olhava as luzes da cidade se acendendo... Quase sincronizadas. O céu já estava escurecendo. Era bonito de se ver... Mesmo com a lua dormindo atrás das nuvens carregadas. Uma dúvida ecoou na mente: "E a minha luz, quem irá acender?". Pergunta totalmente retórica, uma vez que sabia que a única capaz de fazê-la virar estrela era si própria. Ela era uma querida, sempre fazia de tudo para todos ao redor menos para ela mesma. O vento balançava o vidro da sacada. Ela abriu a janela para que pudesse sentir algo que não fosse a ausência do amor próprio. O vento a chamou para dançar e o convite doce a fez arrepiar. Voou leve e serena do 15º andar.

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