domingo, 18 de maio de 2014

possibilidade01


Dedos cruzados escondidos no bolso da calça de moletom cinza. Cinza também estava o dia... Nuvens encobertavam os raios solares. Estava tão nublado que nem parecia que você iria pousar na cidade novamente. Figa forte, coração fraco... Você sorriu enquanto caminhava a puxar a bagagem... E estava mais cheia que na ida. "Quantas histórias você trouxe na mala?" Uma relação indefinida baseada em amar sem rotular, e, como combinado as cobranças eram totalmente dispensáveis. Evitei perguntar. Deu-me um beijo e me abraçou forte. Derramou algumas lágrimas e disse estar com saudade do meu café. "Troco por um cafuné." Pensei em dizer, mas falar que também estava com saudade escapou dos meus lábios de imediato. Era verdade. O cheiro mudou um pouco... Mas tudo bem, muita coisa mudou por aqui também. A gente sempre muda. E embora haja a saudade de um colo pra se aconchegar todas as noites e ter sonhos leves, se faz necessário viver ao invés de ficar sempre a sonhar. Fantasiar é bonito, mas fantasiar em excesso é mentir...É forçar. As figas continuavam no bolso, "Não acelera, coração! Não acelera, coração! Coração, não se acelere!"  E obviamente, de nada valeram. O final da história sempre pode mudar, os nossos pensamentos também, até os trajetos... Mas uma vez que o coração sambar com um sorriso, não há figa que o vença. E como pula! A gente chega em casa e não diz nada.... Não há palavra alguma a ser dita. É aquela velha história de não força e fantasiar... A gente vive. A gente sente. A gente transborda paz entre lençóis e depois dormimos agarradinhas, só pra ter certeza de que os nossos formatos ainda imitam um quebra-cabeça finalizado. "Veja só, nem tudo mudou." 

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