quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A paz está no ser que quer estar em paz.


Quando se é criado na rua, a infância é perdida por entre as esquinas sujas da cidade caótica. Assim aconteceu com a Alice, mulher de sete anos já sabe como ganhar seu trocado pra comprar pão e dar de comer aos amigos da sua região. Dona Nena cultiva rosas numa casa simples e as doa para Alice ir vender mundo afora. "Fica pro café da tarde, Lice!" Alice não fica nunca, não passava pela sua cabeça encher a barriga oca sozinha e atrasar o almoço dos companheiros. Segura o punhado de rosas, agradece e abençoa Dona Nena e sorridente caminha no árduo sol das 13:00, em busca de pessoas dispostas a lhe dar algumas moedas em troca de uma flor. Alice tinha algo inexplicável, mesmo com seu miúdo tamanho não passava despercebida por entre a multidão. Talvez seja pelo sorriso puro ou então pelo seu olhar que brilha feito diamante. "Comé que pode dormir na rua, viver á margem da sociedade e continuar com essa luz toda no coração?!" Ninguém tinha a resposta. Alice não sabia mas não eram pelas rosas que as pessoas pagavam e sim pela energia suave que ela transmitia ao conversar. "Ô, moço... Dá uma rosa pra sua menina hoje?!" E o moço ficava encantado, como todas as outras pessoas ficavam ao se deparar com a Mulher Alice, a boneca que nunca brincou com uma e retirava do bolso alguns trocados, da boca uns elogios. Alice agradecia e continuava sua jornada que estava apenas começando. Dava uma pequena pausa na Igreja todos os dias as 15:00  para beber água da fonte e pra não fugir da rotina ajoelhou em agradecimento aos sorrisos que despertou nas faces severas, levantou-se ao passar as mãos no joelho imundo enquanto eu sussurrava uma prece por um mundo mais Alice.

3 comentários:

  1. Oi querida, adorei.
    Tenha uma boa tarde de domingo, beijos!!

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  2. Que texto lindo, Letícia! Precisamos mesmo de um mundo com mais e mais Alice. Meu beijo.

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  3. Simplesmente forte. Me fez refletir sobre pequenos gestos da vida e da sociedade.
    Lindas palavras.

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