Triturava as folhas secas com seu dockside vermelho sujo, no fundo do seu quintal-floresta, a parte predileta da sua casa.
Domingo, manhã, outono e seus passos circulares no ritmo da sua mente-moinho.
Ventania suave bailando com as flores, camisa floral amassada, face pálida, menina perfumada.
Triturava as folhas secas apenas para distrair os ouvidos do som que a perseguia quando tinha seus surtos, queria ouvir algo diferente que não fosse o seu coração explodindo em arritmia.
Doença, falta de crença, carência.
Apenas um metro e cinquenta e nove centímetros de gente, quarenta e oito quilos, nada atraente.
- Ela não virá.
Ela não virá. - Sussurravam seus fantasmas internos.
Deitou na grama úmida e despiu-se timidamente para o sol que penetrava poros adentro sem pudor algum.
Louca! Ela estava nua e louca tendo a certeza de que passaria a tarde inteira apenas com os raios solares e sua mão desajuizada mas por bençãos divinas:
A
Campainha
Tocou.
Levantou-se e em três segundos abotoou sua camisa ironicamente, pois sabia que não demoraria muito para arranca-la novamente. Batom vermelho, franja bagunçada pro lado, chave do portão.
O sol fora desprezado com a chegada da garota que lhe roubara a paz.
Quis chorar de felicidade, quis abraçá-la pra nunca mais soltar, quis vomitar toda sua necessidade reprimida mas com a face bem serena, destrancou o portão e tudo que conseguiu fazer foi soltar essa frase quase que muda:
"Sabia que tu viria". - Estendeu a mão e conduziu a menina de vestido branco até um lugar secreto para fazê-la desfrutar de algo que nem o raio solar mais comprido e intenso pôde alcançar.
Neste dia percorreram várias Galáxias perdidas sem nome mas com rumo: Prazer, amor.