quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Fantoche


Eu cobri a face com o véu transparente e olhei para a Lua Cheia. Cheia também estava a igreja, a porta encostada não era obstáculo para minha curiosidade. Enquanto eu tremia internamente o vento fazia meu vestido balançar. O fotógrafo não perdia nem um respirar e eu respirava ofegante. Quantas situações a vida nos coloca, não é mesmo? Estou prestes a dizer todo aquele texto repetido que termina com um selar de lábios... A troco de quê?! Ele não é o homem da minha vida. Não é por ele que eu suspiro leve. Não é ele que me faz sorrir. Ele é um cara bacana, tem suas qualidades... Mas não posso nem por um segundo imaginar como seria ter que acordar ao lado dele todo santo dia. Lua de mel? Dor de cabeça na certa! A troco de quê estou fazendo isso? Será mesmo que vale a pena? Deixar minha mãe feliz. Ou melhor, o que ela julga ser a felicidade. Uma felicidade projetada em cima das minhas costas. Apresentar um sogro para a família, dar netos, comprar uma casa com jardim e adotar um cachorro. Enquadrei-me nos planos perfeitos da minha mãe. "Ou será assim, ou você finja que eu não existo." Você existe mãe... E enquanto vejo você chorar de felicidade pelo vão da porta encostada da igreja, sinto o meu corpo travar. Sinto a garganta dar nó. Sinto vontade de dizer: Não. 
Mas
O violino
Já está chorando. 

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