quinta-feira, 15 de novembro de 2018

K.M.

Eu vou escrever um texto para você. Um texto que você nunca saberá. Nunca lerá. Eu nunca me entregaria tão fácil. Ainda lembro de você abrindo a porta do carro para que eu entrasse. Lembro de eu te zoar de cavalheira. Lembro de você dizer que sempre seria assim comigo. Lembro dos nossos olhos se encontrando. Se embaraçando feito nó. A gente caia em nós mesmas. Como não lembrar da nossa respiração se fundindo? Ou como não lembrar da vontade de te foder? Do dia no bar da calçada, do carro em frente a uma árvore. Do calor. Dos corpos. Da gente. E nem foi nada ainda. Mas ainda lembro e lembro muito. E lembro de tudo... Lembro da caipirinha de amora, das músicas compartilhadas, das nossas histórias no tempo da infância. De todo um livro que poderia ter virado mas que, com medo, eu preferi não escrever. Ora, Ora, eu tenho medo de muitas coisas: Do escuro, da solidão.... Não se espante não. Mas guardo com carinho, todo o afeto um dia trocado. O reencontro dos que nunca partiram, e nunca partirão.

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