Desejou boa noite ao entregador de pizza e voltou ao elevador.
Sétimo andar, terminou o vinho
quente.
Comeu ao esfriar
Ao deitar-se ligou o ventilador
Calçou as meias até o joelho
era a única veste
Concentrou-se nos afazeres do dia seguinte
acabou pegando no sono
as 05:50 tocou o alarme
estendeu-se até 06:20
Café preto na padaria da esquina
Almoçou um fast food
O serviço ia, ia, ia
sem fim, não acabava.
O metrô na volta
A lotação ao redor
O bolso vazio
Contou os miúdos em casa
Restou-lhe pedir a última pizza
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
terça-feira, 4 de setembro de 2018
Esquecidos
Esse é um texto para os atuais esquecidos. Oras, todo mundo, em algum momento da vida já se sentiu esquecido por alguém. Por alguém que não é qualquer pessoa. Se fosse, seria um tanto faz em caixa alta. TANTO FAZ! Mas quando a gente sente, é justamente alguém que mexe com as estruturas internas.
Digo "atuais" esquecidos, pois para ser esquecido, um dia já foi lembrado. Um dia já viu o afeto e o tato. De perto, tão perto que faltou o ar. Tão perto que eita, se fosse mágica a gente descobriria o truque à olho nu.
Nus também já estiveram de pele, de corpo... Mas e de olhos? E de peito? Quando a gente despe as almas e elas se curvam e se entrelaçam não há de haver esquecimento.
Digo "atuais" esquecidos, pois para ser esquecido, um dia já foi lembrado. Um dia já viu o afeto e o tato. De perto, tão perto que faltou o ar. Tão perto que eita, se fosse mágica a gente descobriria o truque à olho nu.
Nus também já estiveram de pele, de corpo... Mas e de olhos? E de peito? Quando a gente despe as almas e elas se curvam e se entrelaçam não há de haver esquecimento.
Esse texto é para os atuais esquecidos. Existe alguém que vai fazer teu coração dançar, despir o que te cobre as curvas e esticar os cantos dos lábios. Vai tirar sua alma pra bailar. Vai te olhar no fundo dos olhos e vai mergulhar à fundo em você
Então você entenderá que caralho, que bom ser esquecido por quem só tirou a roupa e o riso.
Então você também esquecerá.
E essa é a vida: dos atuais esquecidos e das eternas doces lembranças.
Então você também esquecerá.
E essa é a vida: dos atuais esquecidos e das eternas doces lembranças.
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
Relato de uma Coroinha
O sinal da cruz antes de subir os vários degraus à frente. Os bancos estavam vazios, respirou fundo aliviado. Avistou o confessionário ao canto. Entrou. Discorreu chorando sobre o que acabara de cometer minutos atrás antes de correr até a igreja. Finalizou: Dessa vez foi a última, seu Padre. - Ao que responde: Você havia dito o mesmo na semana passada, vá e não peque mais.
Ciclo vicioso que ocorria todas as manhãs de segunda-feira. O padre já desgostoso com a situação, escondeu o confessionário aos fundos. E no lugar, deixou um púlpito com um microfone e convidou a comunidade para uma missa especial de início da semana. Pois o rapaz fez o sinal da cruz, subiu os degraus, olhou a igreja lotada, vagou o olhar a procura do confessionário. Hesitou. Subiu ao púlpito e puxou o coro: Hosana nas alturas. Foi embora mais contente do que nunca e nunca mais confessou.
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
Enquanto se faz silêncio
Tudo o que me foi calado
Desde a infância até o doutorado
[sei que ainda demorará]
da garganta sairá.
Desde a infância até o doutorado
[sei que ainda demorará]
da garganta sairá.
Aviso com antecedência pra não chocar a sociedade:
ABUSO contra a mulher: sangra por todas as cidades
ABUSO contra a mulher: sangra por todas as cidades
O pano encoberta a sujeira
Cobre o pó
E os restos
Cobre o pó
E os restos
Mas o grito alcança
Desmancha
Deixa vir a tona:
Tem muito homem de família que devia ir pra cana
Desmancha
Deixa vir a tona:
Tem muito homem de família que devia ir pra cana
quinta-feira, 12 de julho de 2018
Jazz
Era tudo culpa do Jazz
Se fosse Folk, teria cedido não
O cigarro estaria aceso na boca
Nem se quer teria a reparado
Posso garantir-te
Quinta-feira
Quarta-música
Terceiro-drink
- Segundo o garçom, você é nova por aqui, posso me sentar?
- Primeiramente seu nome - Encarei a desajeitada
Dizem por aí, que o segredo é cruzar as pernas e morder o canto dos lábios
Nós fizemos exatamente o contrário;
Mas fica feliz demais não, garota
A culpa foi do Jazz;
Também do seu shorts, batom vermelho, olhos de jabuticaba e bom papo;
Mas a culpa sempre foi do Jazz;
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
De onde e pra onde?
É uma quinta-feira calorosa, 25 de janeiro de 2018. A lua está imensa e reflete no mar calmo de Pernambuco. Eu poderia falar que o vento balança meus cabelos, mas estaria mentindo. Nada se move à não ser a água e as pessoas. Não me pergunte como cheguei aqui. Não que eu não gostaria de te contar, mas há partes da história extensas demais para serem escritas à mão, sentada na areia de frente para as ondas. Queria que você estivesse aqui comigo para dispensarmos as cartas. E não me venha com essa de que estamos patrocinando os correios, aliás, eles também entregam contas. E existem o quádruplo, ou o quíntuplo, seiláeu, de boletos a mais que cartas desoladas. Eu havia me esquecido de como o mar tem a capacidade de me proporcionar paz. Estou ainda com a mochila nas costas, crê? Ficarei uns dias em um hotel aparentemente perto da casa em que morei quando criança. O único endereço que consegui. Espero que seja o certo. Que ainda tenha alguém por lá. Ou ao menos alguma notícia. Desculpe-me por sumir essa semana, principalmente agora que tudo estava dando certo, sou muito decidida em relação à onde quero e vou chegar. Mas a necessidade de saber de onde vim, de resgatar a minha raiz, grita estrondosamente. Esperei 27 anos para vir atrás do sangue do meu sangue e sei lá quantas vidas para te encontrar. Se tudo der certo, voltarei em algumas semanas... Se nada der certo..... Hey, pera! Já deu! Voltarei em algumas semanas, com flores às mãos e pães de queijo quente para o café da manhã.
Amo você.
Amo você.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
Dono da Razão
Pés no chão gelado, "Você não sente frio?"
Ficou calado
Fitou o fim da estrada
Cambaleando, seguiu em frente
"Não tens medo de se perder?"
"Oras, meu único medo é jamais sair dos trilhos"
Ficou calado
Fitou o fim da estrada
Cambaleando, seguiu em frente
"Não tens medo de se perder?"
"Oras, meu único medo é jamais sair dos trilhos"
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